sábado, 6 de julho de 2013

Andador, pode?

     OK, a gestação está estabelecida e o sexo do bebê já é conhecido. A barriga está ficando enorme e eis que surge o chá de bebê. Dá para contar nos dedos quantas mães não ganharam de pessoas queridas o tal do andador. Os motivos para se presentear com esse objeto são vários... o bebê ganha mais mobilidade, gasta energia, aprende a andar mais rápido... e sempre extremamente bem intencionados. Acontece que o andador vem sendo combatido pelos pediatras há tempos. Mais recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria iniciou campanha para abolir os andadores.
     Primeiramente, os andadores não fazem as crianças gastarem mais energia, uma vez que ao conferir maior mobilidade, basta dar um pequeno impulso com os pés para que ele deslize longe. Em segundo lugar, o andador atrapalha o desenvolvimento da marcha, podendo levar mais tempo para seu filho ficar em pé e caminhar sem apoio. Estudos mostram que as crianças sujeitas ao andador engatinham menos e têm escores inferiores nos testes de desenvolvimento.
     Mas o que transforma o andador em um objeto de perigo é o risco aumentado para traumas. Ele pode atingir a velocidade de 1m/s o que, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, equivale a "entregar a chave do carro a um guri de dez anos". O andador pode "enroscar" em absolutamente qualquer objeto ou irregularidade do chão, como tapetes, sapatos, pés de cadeiras e afins. Quando o bebê está no chão engatinhando ou andando com apoio, sua queda envolve baixa energia, já que não conta com velocidade e nem altura. Mas quando uma criança cai do andador, ela normalmente está deslizando com o aparelho e ao se prender, ocorre um movimento rotacional que potencializa a queda. Ainda pior... a criança cai batendo a cabeça. Isso se não entrarmos no mérito de quedas de escada  e degraus com o andador. Dados da Academia Americana de Pediatria apontam que 10 atendimentos de cada 1000 crianças menores de 1 ano em serviços de emergência são causados por queda de andador, sendo que 1/3 das lesão são graves, geralmente fraturas ou tramas exigindo internações. Mais ainda, estudos mostram que 70% das crianças que sofreram traumatismos com andador estavam sob a supervisão de um adulto.



     Não é por menos que em abril de 2007 o Canadá proibiu a fabricação e venda desse equipamento. Entretanto, no Brasil a fabricação de andadores é legalizada e basta passar na frente de qualquer loja de artigos para bebês que veremos alguns modelos expostos na vitrine. Assim, podemos apenas contar com o bom senso dos pais de não permitirem que seus filhos se exponham a tal risco. Portanto, se ganharem um andandor de presente, agradeçam, porque provalvemente a intenção foi a melhor, mas troque na loja por algum outro artigo que traga benefícios ao seu filho sem tantos riscos.
     Logo, minha resposta a pergunta do início é NÃO, andador não pode!!!

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